“ O que mais nos irrita nos outros é aquilo que pode conduzir-nos a um melhor entendimento de nós próprios”. Carl Jung

Por que é que há pessoas que nos irritam de forma exagerada? A que se deve o facto de determinadas atitudes nos tirarem do sério?

Num mundo repleto de estímulos, vozes e caminhos possíveis, o discernimento surge como uma luz interna que guia as nossas escolhas. Mais do que julgar ou dividir, discernir é reconhecer, com sabedoria e serenidade, aquilo que está alinhado com a nossa verdade mais profunda.

Discernir não é apenas decidir entre o certo e o errado. É saber escutar o coração sem silenciar a razão, é encontrar equilíbrio entre o impulso e a consciência. É a arte de perceber o que é essencial em meio ao ruído, de intuir o que nos faz crescer, e de recusar, com amor, aquilo que já não nos serve.

Na jornada espiritual, o discernimento é companheiro constante. Ajuda-nos a distinguir entre a voz do ego e a voz da alma, entre o medo que limita e o amor que liberta. Desenvolve-se com a escuta interior, com o silêncio consciente, com a prática da presença.

Quando cultivamos o discernimento, deixamos de reagir automaticamente e passamos a responder com intenção. Aprendemos a esperar o tempo certo, a confiar na nossa intuição e a alinhar os nossos atos com os nossos valores.

Discernir é, afinal, um exercício de liberdade e maturidade. É escolher, a cada momento, aquilo que nos aproxima da nossa essência — e ter a coragem de deixar ir o que nos afasta dela.

Quantas vezes dizemos “sim” por hábito, medo ou conveniência? Quantas vezes deixamos de discernir, para apenas reagir? O discernimento convida-nos a responder com consciência, e não com condicionamento. E essa resposta consciente é, muitas vezes, o início da verdadeira liberdade.

Num mundo que grita por respostas rápidas, o discernimento é o convite ao silêncio interior. A ferramenta mais poderosa para quem quer viver com integridade, paz e clareza. Não precisamos saber tudo. Mas precisamos aprender a ouvir a verdade dentro de nós.

Que cada escolha feita com discernimento seja uma semente de lucidez, paz e alinhamento com a nossa missão de alma.

Maria Ribeiro