Paulo Fernandes

Dia dos Namorados

Por Paulo Fernandes em Fevereiro de 2023

Tema Reflexão / Publicado na revista Nº 31

Fantástico mês de fevereiro, o mês do Amor, o Dia dos Namorados, das prendas, do romance, da alegria e felicidade.

Prenúncio da primavera que já não tarda!

Deparo-me agora com a necessidade de pensar em algo, uma prenda, um jantar, um passeio, algo especial para assinalar a data.

Acabamos de sair de um período exigente em que milhares de pessoas invadem as lojas para comprar algo único e intemporal para oferecer e já tenho de voltar a fazer o mesmo. 

O mais grave é que para esta época o tema é todo igual, amor, romance, flores e a diversidade de oferta é pouca.

E por vezes o que acontece é que queremos oferecer um especial, e até nos esforçamos por o fazer, mas quando o oferecemos o(a) nosso(a) parceiro(a), sorri e agradece educadamente, mas nunca o usa ou dá utilidade.

Aqui fica uma questão retórica: a quem nunca aconteceu isto?




Este é um dos milhentos exemplos que retratam a realidade de como a maioria das pessoas age dentro das relações, oferecemos aos outros algo que desejamos para nos próprios e então onde está o querer e a vontade da outra pessoa, o que é que o outro quer? 

Se os seres humanos não são todos iguais, porquê fazer o que alguém convencionou, irmos todos fazer algo igual. Pessoas diferentes querem ser amadas de maneira diferente e através de meios diferentes, aquilo que me estimula e é importante para mim pode não ter qualquer significado para os outros, então a receita é fazer um esforço e compreender as necessidades e desejos dos outros, para se ter uma perspetiva adequada e então agir em conformidade.

Mas isso exige empenho, atenção e dedicação! Sim é verdade, mas ninguém nasce ensinado na arte do amor, é tudo uma questão de aprendizagem e se eu quero ter uma relação longa, frutífera, aprazível e estável terei de estar a aprender o tempo todo, mas hoje em dia existem imensas ajudas, desde livros, filmes, profissionais, mas o mais simples muitas vezes é perguntar ao outro o que realmente quer, necessita ou deseja. Garanto que vão ter imensas surpresas.  




Um casal ou alguém que decida partilhar a vida com outro ser humano, deve viver a vida como se fossem apanhados num dia de chuva com um único guarda-chuva. 

Algumas atitudes tem de ser tomadas, inicialmente tem de se unir mais um ao outro para que possam caber os dois debaixo da área protetora do guarda-chuva e não se molharem, se caminharem tem de acertar o passo, pois tem de caminhar de forma ajustada, com a mesma cadencia e no mesmo sentido, alguém tem de segurar no guarda-chuva, talvez  aquele que for mais alto ou tenha o braço mais comprido, mas às vezes tem de trocar de posição para o outro poder descansar, isto é repartir as responsabilidades. Mas quando necessário vou ter de aceitar molhar-me nesta caminhada, vou colocar o corpo por forma a proteger mais o outro e vou ficar fora da proteção do guarda-chuva, ficando mais molhado, mas tal deve ser entendido que é por uma boa e maior causa. 

Um autor que aprecio escreveu um livro que pode ajudar nesta e noutras questões, pois não se fixa exclusivamente no amor, mas nas relações em si. O título é “As cinco linguagens do amor” de Gary Chapman, e é fantástico para identificar as necessidades emocionais, reduzindo as mentiras que dizemos a nós mesmos: “Se eu gosto então também vai gostar”, “ Se toda a gente quer um, porquê que não haveria de querer”, “Já sabe do que eu gosto, não é necessário dizer-lhe”, enfim uma série de ideias pré concebidas que não servem para nada, vejamos esta nova forma de ver a situação.

Linguagem do amor

Palavras de apreço – Uma palavra positiva, motivadora consegue transformar por completo uma experiência frustrante. Podemos fazer coisas positivas pelas pessoas na nossa vida, mas se esse afeto não for verbalizado elas não se sentirão amadas.

Tempo de qualidade – Não é só a questão de quantidade, mas de qualidade, posso passar muito tempo com a outra pessoa, mas se não crio recordações e momentos com significado então apenas estou a existir e isso não é viver.

Receber presentes – Um presente não necessita de custar uma fortuna, um bom presente pode ser uma flor, um bilhete de cinema, um jantar, ver um por-do-sol. Faça simplesmente algo que sabe que o outro vai apreciar.

Atos de servir – Há pessoas que reagem melhor a atos de servir concretos, abastecer o carro do cônjuge pois este detesta ir á bomba de gasolina, limpar a caixa da areia do gato, preparar uma refeição, podem ser atos românticos para a pessoa para quem o fazemos.

Contacto físico – O contacto físico tem um poder fantástico, num passeio dar a mão, acariciar o cabelo, numa conversa tocar no braço ou pegar a mão, pode fazer toda a diferença e modificar o estado de espírito do outro.

Empatia: Criar empatia é muito importante. Desenvolver a capacidade observar e escutar (não é ouvir) o outro, tentar colocar-se no seu lugar e entendê-lo e assim poder atender às suas necessidades de acordo com a sua perspetiva. 

Estes sim são comportamentos muito mais importantes do que o simples fato de oferecer um objeto sem significado, estes comportamentos criam memórias, criam ligações muito fortes e duradouras e são muito simples de se adotar.

Não há mais gratificante do que dar e promover a felicidade no outro

“O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros”. – Alexandre Herculano

Feliz dia do amor. 

Paulo Fernandes




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