Francesca Scanu

«Atreve-te a fazer!» Para tornar-te “tu mesmo” é fundamental conhecer e experimentar o teu potencial!

Por Francesca Scanu em Maio de 2021

Tema Desenvolvimento Pessoal / Publicado na revista Nº 20

Bem vindos á rubrica Eudaimonia da revista Espaço Aberto !!

É um momento feliz para mim, em qualidade de coordenadora da rubrica, inaugurar este projeto que espero possa ser útil, interessante e sobretudo inspirador para cada um de vós!

Como já puderam ler no artigo do mês de março, a rubrica Eudaimonia está pensada para os jovens:

Para os que são jovens, para os que se sentem jovens e para os que querem continuar a sentir-se jovens durante ainda muito tempo, porque perceberam e experimentaram que a juventude é, primeiro que tudo, um estado de espirito, o qual, para seguir florescendo, precisa de ser regado, nutrido, cultivado e, sobre tudo, exprimido diariamente!

O objetivo desta rubrica é disponibilizar e partilhar informações, sugerir reflexões e encorajar escolhas aptas a despertar, de forma progressiva, o potencial presente em cada um de vós (e de nós) para que ele possa exprimir-se a través de ações, de atitudes e de possibilidades novas no dia a dia.

O objetivo é ser um lugar (virtual!), destinado a encontrar chaves para abrir portas, que, talvez, até ignoravam que existisse.

Estou confiante de que, uma vez descobertas e abertas, alas poderão dar-vos entrada a caminhos edificantes e enriquecedores, onde o destino final é: você!

Estes artigos não procuram incrementar os rios de teorias que correm copiosos na nossa cultura moderna… mas sim desafia-vos a por em prática, a experimentar e a testar, no vosso quotidiano, os elementos que mais têm chamado a vossa atenção e que mais têm tido ressonância com a vossa visão profunda do que a vida deveria proporcionar para cada um de vós.

O objetivo é colaborar a inspirar, a acompanhar e a alimentar um estilo de vida que seja mais em harmonia com a natureza profunda de cada um de vós, para que o quotidiano se torne uma experiência individual que pode ter efeitos surpreendentes!!

Querem ver ? … então : embarquem connosco nesta viajem e preparem-se para ser fascinarem!

Vamos agora ao tema protagonista deste primeiro artigo : «Atreve-te a fazer».

Como evidenciado na introdução, a pura teoria a deixamos a outro contexto, neste espaço nos ocupamos de preparar a ação!

Portanto vamos refletir, primeiro, sobre o espaço hoje concretamente disponível para a ação, em particular para a ação corajosa, aquela que forja as armas dos valorosos.

Uma primeira ferramenta interessante vem do papel que as palavras assumiram na sociedade na qual vivemos.

Atrever-se[1]: a.tre.ver-se - [ɐtrəˈvers(ə)], verbo pronominal

1.     Ter a coragem para fazer algo difícil ou arriscado; ousar

2.     Afrontar um perigo

O dicionário fala muito claro: o verbo que propomos aqui está relacionado com ações corajosas, com atos que se desenvolvem com audácia e que têm como objetivo o ir para além do que, normalmente, está identificado como limite.

[1] Cf. https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/atrever-se , consultado no dia 15/04/2021


Obviamente, as ações invocadas aqui não se relacionam em nada com atos que levem fora do respeito das leis de convivência civil, mas sim com escolhas pessoais que tencionem desafiar os limites individuais, aqueles que são um obstáculo a que o melhor de cada um possa surgir e concretizar-se.

O convite é, portanto, tentar eliminar do seu caminho os obstáculos e os travões (conscientes e inconscientes) que estão a adiar a sua felicidade e o seu sentimento de satisfação profunda.

O verbo atrever-se nos relaciona com o ato de ousar e de arriscar-se a fazer algo que a primeira vista poderia incutir duvidas consoante um êxito positivo garantido.

Atrever-se, como ousar e arriscar são verbos que põem-nos frente a algo que está ainda incerto, algo que fica para ser vivido ao máximo, no objetivo de chegar a conhecer o resultado derivante da ação entreprendida.

De fato, tipicamente, na literatura clássica, grega e latina, estes eram verbos relacionados com os heróis e com as ações das quais eles eram protagonistas.

Sendo assim, é interessante destacar como, nas culturas antigas, eram considerados heróis as personagens que ousavam enfrentar importantes desafios e grandes empresas, as quais tudo tinham menos um resultado bem sucedido assegurado.

Os heróis eram jovens, cujas armas mais poderosas eram a determinação e o compromisso deles com a empresa que se aprestavam a realizar.

Os heróis eras aqueles que se arriscavam a atingir metas que, a maioria das pessoas, nem se atreviam a imaginar como possíveis.

Hoje em dia, atrever-se é um verbo muito pouco utilizado e cujo significado é geralmente associado a um dos significados correspondentes ao substantivo que tem origem no verbo em questão, ou seja a palavra “atrevimento”.

Atrevimento[1] : a.tre.vi.men.to – [ɐtrəviˈmẽtu], nome masculino

1.     Audácia; coragem

2.     Petulância; insolência

Como o dicionário indica, esta palavra tem dois significados, embora o uso comum que a língua faz do termo opte para dar mais relevância ao segundo significado, ou seja: “petulância e insolência”.

Por conseguinte, hoje em dia, quem se atreve já não é visto como um herói, mas como um irreverente, do qual é melhor desconfiar.

Veja-se um pouco a inversão do paradigma num tempo não tão longe!

A sinonímia com conceitos como ousado, desatencioso, até incivil está relacionada com a grande mudança que a Europa experimentou com o iluminismo e cujas raízes nutriram-se em particular dos princípios divulgados pelo filósofo francês René Descartes (siglo VII), o qual assumia o racionalismo como valor supremo duma sociedade que auspicava a definir-se civil.

Até hoje, é ainda muito conhecida a sua máxima: «Cogito ergo sum», ou seja: «Eu penso e, por conseguinte existo[2]».

Desse modo, todos os valores relacionados com atos, ideias e ideais que se afastassem da lógica puramente racional, controlada, previsível e ortodoxa foram assumindo uma conotação menos positivas, até chegar a ser postas em discussão pela moral coletiva e assumidas como repreensíveis.

Infelizmente pelo senhor Descartes, e felizmente para todos nós, as últimas correntes psicológicas (em particular a partir das teorias sobre o processo de individuação do C. G. Jung, para frente) e as mais recentes neurociências, puseram a nossa disposição informações que trazem de volta a importância de por em causa os que a opinião comum costuma identificar como limites.

[1] Cf. https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/atrevimento, consultado no dia 15/04/2021

[2] N.d.R.

Isso não para alimentar uma cultura subversiva, mas sim para tornar cada cidadão coparticipante do progresso e da evolução da espécie e da sociedade.

Os conhecimentos neurocientíficos nos permitem de “atrevermos "até mais longe e considerar sob uma nova luz o conceito de erro, o qual, de acordo com a perspetiva neurocientífica, é para intender-se como elemento útil e até necessário para que os processos de aprendizagem se realizem.

Vemos no detalhe porquê.

Os processos cerebrais, tanto pela elaboração do sistema linguístico como pela estruturação dos conhecimentos e das competências de referência para a conduta diária, baseiam-se num processo que se compõe de cinco etapas sequenciais, as quais são imprescindíveis durante a nossa vida toda.

Estas etapas se realizam de forma mais intensa durante a primeira infância, por várias razões, embora se ativam cada vez que um novo conteúdo precise integrar-se ao mapa dos conhecimentos prévios.

As cinco etapas são :

I. Imersão no contexto linguístico e/o social - cultural

II. Formulação das hipóteses de funcionamento do sistema com que o individuo entra em relação

III. Teste para a verifica das hipóteses de funcionamento - Levando aideias, ideais, projetos, planificações etc.

IV. Confirma das hipóteses - Precisando estas de ser testadas com a prática, no objetivo de verificar se possam ser validadas ou se precisem duma ulterior reformulação e reavaliação.

V. Em caso tal o resultado da precedente hipótese não foi positivo: formulação duma nova hipótese e repetição do processo de teste, até chegar á versão a mais apurada e funcional da mesma ao interior do contexto de interação.

Como podem constatar, a única forma para conhecer, aprimorar e tornar válido o vosso potencial, as vossas ideias, planos e projetos é experimenta-los!

Como? Com ações, escolhas, projetos e planificações, regados/das e alimentados/das por ideais novas, infrequentes, originais e que nasçam das vossas reflexões pessoais, do que vocês acham dum tema, do que vocês tem para partilhar e mostrar aos outros.

Isso era a Eudaimonia para os gregos: a necessidades e, juntamente, o dever de cada cidadão de realizar o seu próprio potencial, aquilo que mais ninguém pode oferecer ao mundo, em quanto, no universo não há peças dobreis: tudo é único, como cada um de nós.

Eudaimonia era a palavra utilizada pelos gregos para definir a felicidade.

A rubrica Eudaimonia é isso que pretende: lembrar mensalmente a cada leitor que a felicidade está conetada com a realização da unicidade de cada ser; a felicidade depende da essência, que receba suporte e ajuda para se manifestar e se concretizar.

Querem ser felizes? Então: «Atrevam-se a fazer», para vocês e para os outros.

Todos procuramos ser felizes e este caminho pode precisar de um tempo mais curto ou mais comprido, de acordo com a experiência de cada um, com as possibilidades encontradas e experimentadas.

A boa noticia é que ninguém está só nesta grande e aventuroso caminho, a qual se torna mais emocionante e mais frutuoso se partilhado!

Por esta razão, de acordo com a redação de Espaço Aberto, criamos :

· A página Facebook : Eudaimonia – Espaço Aberto :

· A página Instagram : Rubrica Eudaimonia

Onde poderão encontrar post relacionados com os artigos publicados, aprofundamentos sobre os temas mencionados nos artigos e, sobretudo, as vossas partilhas, os vossos testemunhos, as questões que surgem após as leituras dos artigos.

A nossa rubrica espera por vós !

Francesca Scanu

Coordenadora da rubrica Eudaimonia – Revista Espaço Aberto.


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