
“Assim que bateram as doze badaladas, na noite de 31 de dezembro, entrámos em 2019! Enquanto comia as doze passas, pedi os habituais desejos para o ano que agora iniciava. Um deles foi perder os dez quilos que se tinham instalado no meu corpo sem pedir autorização. Certa de que a roupa não tinha encolhido, planeei iniciar um fantástico plano alimentar no dia um de janeiro!
Nada melhor que iniciar o ano novo com uma nova atitude.
No almoço de ano novo, ao olhar para o magnifico leitão assado, em cima da mesa, pensei que não era um bom dia para começar a dieta: ainda era festa, havia muita comida e não estamos em tempo de estragar. Em boa verdade, eu faço anos em janeiro e, comemorar os aniversários, é uma tradição familiar. Não seria de bom tom não fazer festa. Adiei a dieta para fevereiro!
Quando o dia um de fevereiro chegou, pensei que era um disparate iniciar a dieta! Afinal é o mês em que se comemora o dia dos namorados, costumamos sair. Iria beliscar a minha relação não fazer as habituais comemorações. Ficou claro que iria começar em março!
Chegado o mês de março, quando fazia o plano de mês, constatei que a minha nora Susana fazia anos. Como podia ter esquecido? Há sempre festa, mas agora com a bebé o aniversário é mais animado. Não faz sentido começar a dieta num mês que tem uma festa destas. Abril, abril é que é o mês certo para iniciar a dieta.
O tempo passou e chegámos a abril. Como é possível? A Páscoa é em abril. Pão de ló, amêndoas, ovos de chocolate. Que disparate!! Como foi possível esquecer-me? Em definitivo não é um bom mês. Defini iniciar em maio.
Pois, mas em maio o meu marido faz anos. Não, em definitivo não. Começo em junho!
Pensando bem, em junho faz anos a minha nora Catarina. E logo uns dias depois o meu filho Gonçalo. Nem pensar! Começo em julho. Julho é um excelente momento. É o início do segundo semestre, é uma excelente altura para começar!
Pois, mas em julho vou de férias. Ir de ferias não combina com fazer dieta. Nem vou conseguir descansar! Fazer dieta causa pressão, vai estragar-me as férias. Resolvi adiar para agosto!
E o tempo passou e chegou agosto. Azar! O meu irmão faz anos e convidou-me para ir a Lisboa passar uns dias. Foi com muita tristeza que tive de adiar outra vez o início da dieta: não fazia sentido ir para casa do meu irmão, incomodar com esquisitices na alimentação. Adiei para setembro, absolutamente certa de que em setembro é que ia ser!
E setembro chegou num ápice. Foi o regresso ao trabalho, com os clientes todos a quererem começar rápido, cheios de novas ideias que trouxeram das férias, dispostos a alterar o planeado, o que me causa imenso stress. Não havia condições para alterar a minha alimentação. Andava tão ansiosa. Pensei que, lamentavelmente, teria de mudar o início da dieta para outubro!
Rapidamente percebi que não podia ser: faço anos de casada e costumo ir uma semana de ferias. Passei para novembro, com profunda tristeza…
Quando chegou novembro, tive de ir duas semanas para Lisboa em trabalho. A comer em restaurantes e hotéis não há condições para fazer dieta. Bom, mais vale tarde que nunca, começo em dezembro!
E dezembro chegou com o aniversario do meu filho Bernardo no dia um e a minha neta a 15. E para além disso há o Natal. Não há condições! A data certa é mesmo dia um de janeiro. E assim ficou definido que iria iniciar a dieta no dia um de janeiro de 2020”
Identifica o que se pretende demostrar nesta história? Pois, estamos a falar de procrastinar.
Procrastinar é adiar. Mas adiar nem sempre é procrastinar!
Adiar os compromissos uma vez ou outra não é grave, sobretudo se estiver dentro do prazo. O problema é quando procrastinar é um hábito.
Há várias razões para procrastinar. Por exemplo, quando temos prazos alargados para entrega de tarefas, tendemos a adiar a tarefa até ao limite máximo do prazo de entrega.
Tendemos a protelar tarefas que exijam muita responsabilidade. Ficamos a aguardar reunir todos os dados ou todas as condições. E não há situações perfeitas. A preguiça é outra das razões que, muitas vezes, também leva aos adiamentos.
Existem razões emocionais e até fisiológicas que podem justificar os referidos adiamentos que são altamente prejudiciais aos indivíduos.
Os estudos mostram que a procrastinação está diretamente ligada à nossa saúde mental. Dito de outra forma, está associada à maneira que lidamos com as nossas emoções e estados de humor negativos - tédio, ansiedade, frustração, ressentimento e insegurança.
Aplica-se a máxima “Mais vale esquecer os problemas por um tempo do que tentar compreendê-los e resolvê-los”, a famosa história do beber para afogar as tristezas.
Procrastinar é um hábito possível de alterar!
Sugiro sete dicas para deixar de procrastinar:
1) Identifique um padrão: procure identificar o que o faz procrastinar;
2) Dê um primeiro passo: defina uma meta e comece;
3) Divida as tarefas em subtarefas. É mais fácil de se comprometer e de ter êxito! Além disso, as pequenas vitórias são altamente motivadoras. Como se come um elefante? Partindo-o aos bocadinhos;
4) Aumente o foco e a concentração: faça uma coisa de cada vez evitando estímulos externos;
5) Faça a gestão das suas emoções. Estar de mau humor (ou outra qualquer emoção) não é razão para não executar a tarefa. Esquivar-se de fazer algo com a desculpa “do humor” é uma forma de regular externamente as emoções como por exemplo, medo de falhar, de dececionar os outros, perda de autoestima, medo de não fazer bem, etc;
6) Contemple os imprevistos na sua planificação. Identifique fatores externos e internos que podem impedir a normal execução da tarefa para assegurar que tudo vai correr bem;
7) Visualize o seu novo “eu”. Defina na sua mente a pessoa em que se quer transformar. O ‘eu’ de amanhã terá mais energia, mais força de vontade, estará mais focado e comprometido com fazer as atividades quando devem ser feitas.
Ninguém adia tarefas porque lhe dá prazer. Antes pelo contrário, adia porque lhe causa dor e, quase sempre, o individuo está absolutamente consciente que tal facto irá ter implicações negativas. As pessoas procrastinam porque não sabem como não o fazer.
Procrastinar é um comportamento e os comportamentos são aprendidos. Se o comportamento de procrastinar não gera os resultados expectáveis, só tem de aprender um novo comportamento ou comportamentos que potenciem os resultados desejados.
Quanto mais claros forem os seus sonhos e objetivos, mais evidente se torna a necessidade de alterar o comportamento de procrastinar.
Não há limites para o Homem quando o Sonho é grande!
Paula Rocha
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