Ana Veloso

A Kinesiologia ao serviço da saúde mental

Por Ana Veloso em Dezembro de 2024

Tema Saúde Natural / Publicado na revista Nº 39

Kinesióloga Psicoemocional

O que é a Kinesiologia? Antes de mais, vale a pena atentar sobre a etimologia deste nome. Kinesiologia provem do grego “Kinesis” que significa movimento e de “logos” que traduz ciência ou estudo. Então, a Kinesiologia é uma ciência que estuda o movimento.  Esta terapêutica resulta, em termos de história, do reencontro casual (isso existe???) entre especialidades naturais manipulativas, como a osteopatia e a quiropraxia, e a sabedoria milenar da Medicina Tradicional Chinesa.   Através desta interceção entre a modernidade e a ancestralidade de filosofias naturais de saúde, percebeu-se que ao Kinesiólogo é possibilitada a comunicação com o corpo do paciente, porque este lhe responde, sendo que essa resposta é objetiva e confiável. Tudo isto através de testes musculares.

A Medicina Tradicional Chinesa com mais de 5000 anos de história foi capaz de compreender o Universo, objetivar a sua ordem e espelhar o Homem numa dinâmica maior. Falava-se, então, de Energia, o fino e invisível fio que liga a teia da vida. Nascia o holismo, criava-se o conceito do TODO.


Nesta perspetiva, a vida e a saúde humanas assentam no prolongamento da natureza para dentro de cada indivíduo: somos uma parte do Universo e o Universo “… continua dentro de cada Alma…” (Tao Te Jing). A exemplo do que acontece no exterior, internamente tudo é uno, nada existe desconectado de nada. Órgãos e Vísceras relacionam-se funcional e energeticamente com os diferentes tecidos, os órgãos dos sentidos, as emoções e o psiquismo, e vêm, através dos canais de energia, manifestar-se à superfície, na pele. Assim sendo, e na visão da Medicina Tradicional Chinesa, sempre que nos referimos a um órgão, não estamos apenas a falar do órgão físico, mas também de todas as estruturas materiais e não materiais, relacionadas com as suas caraterísticas e responsabilidades fisiológicas e energéticas. 

Por volta dos anos 60, o Dr. Goodhaert, quiropata de profissão, na sua prática clínica, ao efetuar testes musculares com algumas técnicas, observou que as respostas obtidas a esses testes se relacionavam desordens de grupos musculares com disfunções de órgãos específicos. Desta forma (re)descobriu a relação de grupos musculares com os meridianos energéticos da Medicina Tradicional Chinesa, e consequentemente com os órgãos internos.

Mais tarde, o Dr. Chapman (osteopata), o Dr. Palmer (Mentor da Quiropraxia) e dos médicos Bennet e De Jannette demonstraram que se poderia reajustar os ossos e os órgãos através da estimulação dos músculos, pelo toque nos pontos reflexos Neurovasculares e Neurolinfáticos. Foi ainda integrado o conceito de Qi (Energia) nesta terapêutica e relacionadas as emoções com órgãos específicos, reafirmando os ensinamentos dos ancestrais chineses, entre inúmeras outras técnicas.

Em 1980 o Kinesiólogo belga Raphael Van Assche (fisioterapeuta e osteopata), descobriu de forma casual o teste Arm Reflex (AR), que consiste na verificação nos braços, da existência de stress traduzido pela alteração de tónus muscular, quando o indivíduo é sujeito a um estímulo, mesmo insubstancial, como é o caso de uma emoção perturbadora. Essa alteração do tónus leva a uma maior contração e tensão muscular, resistência num dos membros, provocando o seu encurtamento.  A resposta obtida que traduz o stress provocado pela emoção é mediada pelo sistema nervoso autónomo, e é, portanto, involuntária.


Então, baseado nas constatações do Dr. Goodhaert e dos profissionais que lhe seguiram os passos, e que reforçam a validade das teorias da Medicina Tradicional Chinesa, constata-se que, pela mecânica do movimento é possível perceber a conexão da parte com o todo e que o corpo físico responde com a alteração do seu tónus muscular sempre que um estímulo provoca stress. Quer isto dizer, que esta é uma forma clara de expressão do Todo no Homem, em que, quer o seu físico, quer a sua parte não física, se manifestam objetivamente em resposta a estímulos e testes musculares. Por este processo, o corpo conduz o Kinesiólogo não só ao diagnóstico, mas também ao procedimento quanto à correção do stress identificado. Assim se estabelece o diálogo com o corpo, respeitando a individualidade de cada ser.

A aplicabilidade da Kinesiologia é bastante ampla e verte por diversos campos da saúde humana. De forma geral, pode-se afirmar, que age nos desequilíbrios físicos, químicos, energéticos e emocionais.

Tratar o emocional será, por certo, a tarefa mais desafiadora para qualquer profissional de saúde. As emoções não se veem… não se medem… Mas as emoções sentem-se, e cada um, sente-as com as suas dores e de acordo com a sua sensibilidade. A subjetividade desta matéria associada a rótulos retrógrados e preconceituosos propiciam o adiamento e a negligência do tratamento, levando à perda da noção dos limites, mas também, ao afastamento da sua origem primária. As emoções são “só” a maior causa interna de doença.

É certo que as emoções coloram a vida. Todos temos momentos alegres, momentos tristes, momentos de maior irritabilidade, momentos felizes e outros não tão felizes. Isso faz parte da viagem pessoal. Desequilíbrio existe sempre que uma emoção é violenta, ou se repete constante ou duradouramente. Se analisarmos as emoções pela lente da Medicina Tradicional Chinesa, elas fazem parte da insubstancialidade dos sistemas, tal como o consciente e o subconsciente são insubstanciais. O facto é que, se pontualmente um pensamento, um sentimento ou uma emoção nefastos são capazes, de forma mais ou menos imediata, influenciar a matéria física, nomeadamente, alterar o ritmo respiratório e aumentar a frequência cardíaca, por exemplo, imagine-se o que ocorrerá se esses quadros de alteração emocional ocorrerem de forma intensa ou duradoura.

Ora, a Kinesiologia Psicoemocional, através de testes musculares, permite por um lado, a investigação e identificação fiável de causas, de padrões, de crenças, de traumas e respetiva localização cronológica quanto ao distúrbio emocional em questão, e por outro lado, permite ouvir o corpo quanto à escolha da técnica mais ajustada para promoção da sua autorregulação. Trata-se de um efetivo e verdadeiro diálogo. O corpo não mente. É o sistema nervoso que assegura essa verdade. 

Alguns questionam como é que um sistema de tratamento tão simples pode ser tão efetivo. A verdade é que esta pergunta contém em si mesmo a resposta: porque é simples! A simplicidade é a linguagem da natureza e a eloquência do corpo e da vida expressam-se também nesta linguagem.

Ana Veloso



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