Murali Meyer ( Bárbara)

Vida após a morte.

Por Murali Meyer ( Bárbara) em Setembro de 2022

Tema Consciência / Publicado na revista Nº 28

Este sendo o vasto tema proposto para viajarmos neste mergulho temido e fascinante em simultâneo.

A morte no seu  sentido ‘strictus senso’  significa a interrupção da vida em um organismo.

Entretanto, ela é muito mais ampla em outros níveis de percepção e experimentação.

A morte não é o apagamento da Luz.

É o ato de dispensar a lâmpada porque o Dia já raiou.

Em geral, usa-se o termo ‘vidas passadas’ para nos referirmos a uma roda de renascimentos que nos propõe transformações evolutivas, através de acertos com outros seres, mais conhecida como a ‘Roda do Samsara’, até que alcancemos a liberação através da Consciência Eu Sou.

Mas, não existem vidas passadas e sim, corpos passados que morrem depois de cumprirem seu compromisso veicular (ego) com esse sopro imperecível da Vida que migra de uma à outra...

Nosso medo do desconhecido, daquilo que não sabemos por antecipação nos amedronta. Sentimos o terror do vazio, do nada, do fim. Nesta densidade 3D, o processo de desligamento da matéria traz o componente da dor, do sofrimento através de doenças ou situações imponderáveis e este contexto gerou o estigma sobre a morte. 

Não tememos exatamente a morte mas, sim como ela se dará.

Esquecemos que este estado somático do medo se dá pelo fato de espelharmos na condição da morte a nossa condição de vida e suas provas.

São Francisco de Assis se referia a ela como a Irmã da Morte Corporal.

Santo Agostinho dizia: ‘... a morte não é nada’...

Ela é um rito de passagem.

Ela é a via de desapego de uma memória à outra.

Ela te retira desta densidade e te entrega nas mãos de uma viagem de discernimentos.

Quando morremos levamos o nosso estado de consciência para a travessia desta porta dimensional e então, teremos que vivenciar o necessário para uma subida na Espiral da Luz Maior.

Assim, como aqui na experiência da carne experimentamos tempos de luta até a cessação dos conflitos e por fim a chegada da paz sanadora e um outro renascer.

Em geral, as pessoas dão como certo a morte em suas vidas mas, bem pode ser o contrário: a vida é que se mostra afirmativa e certa  para além das suas mortes.

A morte pertence à vida, como pertence o nascimento. O caminhar tanto está em levantar o pé como em pousá-lo ao chão.

O estado de transição da morte sempre tem um condutor, um guia que nos acompanha para outras paisagens da mesma Vida em contínuo progresso. Apenas, o corpo da terra é devolvido e a Essência segue.

Na mitologia grega, Caronte ( cujo nome significa o ‘filho da noite’) era o barqueiro que transpunha as almas para o reino de Hades ( o Invisível).

Curioso, refletirmos sobre o que simboliza os nomes do Senhor do Reino da Morte e seu barqueiro. Hades, sendo o Invisível nos indica que ali estamos despojados de nossas identidades e portanto, de nosso controle. 

Diante desta realidade reveladora nos tornamos iguais. Estamos a iniciar um processo de entrega para compreender o Sentido da Vida através da pausa da Morte.

E não podemos esquecer que a metafísica desta mudança de estado, também nos remete as mortes que experimentamos durante nossas vidas materiais. 

A sucessão de vivências que transmutam em nós os dogmas, as crenças, os apegos, os julgamentos, etc... 

Lapidando como uma sagaz Fênix nosso amadurecimento.

Muitas mortes dentro de uma única Vida. 

Até que se dê a morte corporal e seu passaporte para o esquecimento da ilusão e o encontro com a visão límpida da libertação das condicionantes da civilização de modo geral a tememos.

Mas, também temos a Fé como um ingrediente nivelador neste processo. Quem a cultiva tem a perspectiva de crer num território do outro lado da moldura do corpo. Quem não a tem, tem a convicção de que tudo ali acaba.

A Casa de Meu Pai tem muitas moradas.

Através da busca para a compreensão pelas religiões, filosofias, culturas e espiritualidade, vamos galgando os degraus da ignorância para a derradeira verdade...

Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma como bem disse Lavoisier.

E vou um pouco mais além, acrescentando que na Supra-Natureza também.

Certamente, o que deixamos por resolver numa vida com o seu término corpóreo, nos será ofertada as ferramentas para o abraço da revelação sobre o sentido amplo da Vida em si mesma e portanto, em todos nós.

Aqui, nesta superfície terrestre em função de nosso acirrado senso de posse tentamos manter o tempo imóvel para evitar a vinda do envelhecimento. Construimos uma sociedade consumista e identificada com situações externas, sem cultivar a reflexão, a busca do conhecimento que abre janelas de percepções e novos ares em nossas jornadas. 

Gerando e mantendo o que já foi nomeado como ‘normose’, uma manutenção de superficialismos que nos adoecem por nos afastar de nossa Essência.

A prisão ao mundo dos fenômenos como certezas que nos guiam.

As ilusões de um porto seguro.

Para um espírito liberto que soube se despreender, a morte deve ser vista como a  Pausa que prepara uma nova sinfonia do Existir. Ela é uma forma entre outras tantas formas.

Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela.

Murali Meyer (Barbara) 


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