Luís Louro de Oliveira

Porque é que não consigo meditar?

Por Luís Louro de Oliveira em Maio de 2020

A resposta de que está à procura, não é aquela que esperava. 

Vou falar-lhe da diferença entre a fase das perguntas e a das afirmações; vou ajudá-lo a partir da fase em que esteja. Vou, talvez, introduzi-lo a alguns conceitos novos ou, pelo menos, relembrá-los. 

Mas há uma coisa importante que deve saber antes de continuar a ler. Vou dar-lhe perguntas para pensar e responder. A minha intenção é que descubra algo sobre si próprio, vindo das suas próprias respostas.

Primeiro, quero dar-lhe os parabéns por ter feito essa pergunta, pois revela que já não está na fase das afirmações. 

A fase das afirmações é aquela em que reduzimos as coisas a: “não consigo…”, e aqui pode inserir meditar, como pode substituir por cozinhar, perceber a política, escrever um romance…, basicamente, tudo que lhe passe pela cabeça. Para manter as coisas simples, vou partir do princípio de que estou a escrever para aquele que afirma “não consigo meditar”. Sobre as outras afirmações, poderá ter aqui uma ideia de como lhes responderia também, mas, se necessitar de detalhes, basta que mo peça depois. Agora, se me permite, vou primeiro dirigir-me para os que estão na fase das afirmações.

Caro “afirmador”, quando diz que não consegue meditar, parto do princípio que, ou tem a ideia de que é uma tarefa demasiado difícil e que nunca tentou, ou realmente já tentou e essa é a ideia que tem da sua experiência. Pois bem, vou pedir-lhe que responda a duas perguntas. Pense agora nas respostas e pense antes de avançar. Com quem decidiu partilhar essa afirmação? Que tipo de resposta ou reação espera da pessoa com quem a partilhou?

Saiba que a escolha de que com quem partilhamos algo é prioritária ao que partilhamos. Com certeza, não vai perguntar ao seu mentor de economia questões sobre o exercício físico que pratica. Irá haver uma altura em que deixará, simplesmente, de fazer todas as perguntas aos que lhe estão mais perto ou aos que mais gosta e irá procurar e escolher pessoas que estejam onde você quer estar, a quem vai pedir direções de como lá chegar.









Antes de perguntar, repare bem qual é a resposta ou reação que espera: se não está a procurar passos simples que possa executar, mas apenas a procurar alguém que entenda como se sente, alguém que lhe diga que pode sentir-se assim, que diga que está a passar pelo mesmo. Se sim, sabe então que está numa fase importante da sua vida, em que vai acabar por se realizar e que a única pessoa que sempre o vai entender é você. E que com os outros vai poder partilhar o que sente e, assim, permitir que façam parte deste seu universo que o tem a si como centro.

Durante esta passagem, chamemos-lhe  “renascimento”. Neste processo, muita coisa em si vai ser remexida, senão mesmo tudo. Por vezes, vai sentir que se quer segurar a algo e nada tem para se segurar, apenas o facto de estar, nesse momento, vivo e a respirar. Durante estas alturas poderá ter a bênção de, por vezes, ter alguém ao seu lado que simplesmente está lá e se sente honrado por isso. Lembre-se, no entanto, que o seu processo é independente dele. É rumo ao SEU centro que está a mergulhar. 

Chegamos agora à altura de responder ao porquê de não conseguir meditar. A resposta é simples: você consegue, pois meditar é um processo, um ato de desfrutar o facto de estar consigo. Vou explicar melhor. 

Quando decide marcar o seu alarme para 5, 10, 30 ou qualquer outra quantidade de minutos e se coloca numa posição confortável a simplesmente estar consigo, usando qualquer técnica que tenha aprendido ou até não usando nenhuma, já está no processo! Digamos que não há diferença entre tentar meditar e meditar. 

Existe, sim, a dúvida e o julgamento acerca da própria experiência. 

Repare que eu disse que é um “ato de desfrutar estar consigo”, e não “estar BEM consigo”, ou “estar MAL consigo”. Isso é dúvida e julgamento.

Pode perguntar: qual seria o interesse em eu estar comigo se eu estivesse mal? Pois bem, se você mesmo não consegue estar consigo apenas pela sensação de estar, então basta que pratique, que inicie o processo.

Não lhe disse que tem que conseguir, disse apenas que tem que querer estar no processo. A pergunta que se deve colocar é a seguinte: Quero meditar? Se sim, medite.

Quando a decisão está tomada, pode pensar nas especificidades, como, por exemplo, onde o irá fazer e com que frequência; se irá procurar companhia; se, por uns tempos, vai experimentar uma nova técnica; se se vai manter em contacto com alguém que já tenha o hábito para que ela lhe relembre que é possível ou definir pequenos desafios de alguns dias. Eu, por exemplo, gosto de organizar pequenos desafios conjuntos, ajuda-me e aos meus alunos. É-nos agradável saber que partilhamos algo por inteiro.

Vou ajudá-lo num dos passos essenciais: a duração.

Comece por decidir quanto tempo vai meditar e use um temporizador.

Outra solução é gravar um áudio no seu computador para que possa simplesmente relaxar e seguir indicações. Assim, tem marcado o início e o fim e até algumas instruções (se quiser um exemplo pode contactar-me). O importante é que se mantenha atento às sugestões vindas de diferentes escolas e mentores. 

Siga o que sente. Até lá, vá aplicando o que já sabe. Se se sentar 5 minutos hoje, simplesmente a respirar, já pode dizer que hoje praticou. Boa sorte.

Namaste

Luís Louro de Oliveira

Ganesha Dharmachari

Professor/ Formador de Purna Yoga Integral










ARTIGO SUGERIDO

As Medicinas Alternativas

As Medicinas Alternativas

Rui Pinto
Por Rui Pinto em Novembro de 2011
Tema Saúde Natural / Publicado na revista Nº 0

Nos últimos anos, muito se tem falado e escrito sobre Medicinas Alternativas ou Terapias Complementares. No entanto, poucos são aqueles que sabem o que significam estes termos e em que medida ...
Ler mais