Paulo Fernandes

Inflamação

Por Paulo Fernandes em Outubro de 2022

Tema Saúde Natural / Publicado na revista Nº 29

Sabe o que é que, as seguintes patologias:

AVC

Artrite reumatoide

Alzheimer

Diabetes tipo 2

Obesidade

Síndrome metabólico

Infeções trato respiratório

Pneumonia

Cancro colorretal

Cancro pancreático

Leucemia

Cancro renal

Osteoporose

Disfunção eréctil

bem como, outras mais… têm em comum?

A resposta a esta questão é:  INFLAMAÇÃO

Qualquer patologia que não seja convenientemente detetada e persista no tempo, vai produzir um quadro inflamatório que pode ser de alta intensidade (inflamação aguda), ou de baixa intensidade (inflamação crónica). 

A inflamação é uma reação biológica, resposta de defesa a um agressor ao organismo.

Os agentes agressores podem ser categorizados conforme abaixo: 

Trauma – Quando o corpo sofre uma agressão (fratura, contusão, queimadura, …), localmente desenvolve-se uma área de dor e com cor vermelha.

Vírus e bactérias – Quando o organismo é invadido por patógenos estranhos ao corpo.

Fungos – Quando o organismo se desregula permitindo que se desenvolvam sem controlo organismos que por norma habitam o corpo com funções benéficas.

Poluição – Quando o corpo é agredido por poluentes ambientais, como pesticidas, metais pesados, fumos.

O organismo quando agredido inicia um processo de defesa por forma a remover o intruso, células danificadas, ou patógenos, e parar as consequências dessa agressão.

Como identificar uma inflamação:

1. Dor – Localizada ou generalizada de acordo com a gravidade.

2. Calor – No local sente aumento de temperatura, comparável com a zona envolvente.

3. Rubor – Coloração da pele mais intensa, de vermelho sangue.

4. Inchaço – Aumento de líquidos na área afetada.

5. Perda de função – Em consequência, e caso o organismo não consiga terminar com o agente agressor, a inflamação pode se descontrolar e causar disfunção orgânica. 

Quando um organismo ameaça danificar um tecido, o corpo liberta sustâncias que alertam para o facto, e inicia-se uma corrida para controlar essa ameaça. Hormonas como a histamina fazem com que os vasos sanguíneos do tecido afetado se expandam, o que permite mais sangue nessa área, provocando a coloração vermelha, o calor, o inchaço e dependendo do agressor, a dor. 

Estes sinais e sintomas quando detetados, indicam que o corpo iniciou o processo de cura e conscientes disso tomamos as devidas ações para recuperar a saúde.

Embora a inflamação possa ser considerada algo de mau, o corpo humano não conseguiria sobreviver sem ela, a melhor forma de descrever a inflamação é comparar a um campo de batalha, quando algo nocivo invade o corpo, este reage com uma resposta protetora, via sistema imunitário para que o corpo se livre de tudo o que esta a causar danos e interromper as suas consequências. Trauma, defeitos genéticos, tóxicos ambientais, corpos estranhos, reações imunes e infeções, todos podem danificar o organismo, a sua presença excita o sistema imunitário resultando na inflamação.



 Alguns dos bravos intervenientes nestas batalhas contra os agressores.

Barreira física - A primeira linha de defesa é constituída pela pele, pelo trato respiratório, digestivo e sistema génito-urinário, assim como pelas secreções lacrimais e suor.                

Barreiras químicas - Os micro-organismos ou toxinas que conseguem penetrar no organismo deparam-se com as células e mecanismos do sistema imune inato. A resposta inata é normalmente despoletada quando se identificam compostos comuns a um vasto número de micro-organismos, ou quando as células danificadas, lesadas ou em stresse enviam sinais de alarme.

Barreiras celulares – Os leucócitos, são a segunda linha de defesa do corpo humano, conhecidos como glóbulos brancos, são quem reconhece na maioria das vezes os invasores e determinam a resposta imunitária adequada, fazendo atuar os macrófagos, citoquinas, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos, entre outros.

Estes bravos guerreiros fazem parte de um exército, que está em permanente estado de alerta para nos proteger, sendo a sua presença sentida por este fenómeno a que chamamos inflamação.

Inflamação pode ser ainda dividida em duas fases, inflamação aguda, tem um rápido início e é de curta duração, como por exemplo um trauma (contusão) ou a inflamação crónica que é prolongada e esgota o organismo.

E é sobre a inflamação crónica que nos vamos debruçar

Com a inflamação crónica, o corpo está sempre em alerta e a irritação de baixa intensidade que muitas das vezes não apresenta sinal ou sintoma permanece no tempo agredindo o corpo de forma continuada, a e este prolongado estado de emergência pode danificar o cérebro, o coração assim como outros órgãos.

Por exemplo quando as células inflamatórias se mantêm ativas nos vasos sanguíneos, podem provocar acúmulo de placa que é composta por colesterol, substâncias gordas, restos de produtos celulares, cálcio e fibrina, material que provoca coagulação sanguínea.

 O corpo reage a esta situação como se estivesse a ser agredido e envia mais exércitos de defesa para responder, mantendo assim um ciclo de tentativa de cura e agressão nada favorável para a circulação sanguínea, causando o acúmulo de placa e a respetiva diminuição do calibre e flexibilidade das artérias, aterosclerose, que aumenta o risco de ataque cardíaco ou AVC.

Estudos recentes têm demonstrado que a inflamação no cérebro pode ter um papel ativo no desenvolvimento da doença de Alzheimer. Normalmente protegido pela barreira hematoencefálica que não permite a entrada de micro-organismos no cérebro, tem sido demonstrado por cientistas que as células imunes se infiltram no cérbero quando o corpo é exposto a longos períodos de stress provocando o mesmo efeito que provocam no sistema sanguíneo, só que agora destruindo as ligações e conexões cerebrais.

E quando o corpo está em permanente estado de inflamação, ele está desequilibrado, a energia está constantemente a ser consumida, numa tentativa de encontrar o equilíbrio e a cura perante o que o está a irritar, essa energia reduz-se deixando o corpo mais exposto a que mais agentes infeciosos, penetrem as defesas e criem mais inflamação, é um ciclo vicioso levando a patologias muito graves como as anteriormente enumeradas.

E a inflamação tem cura?

A resposta é … SIM, tem!

De que forma? - Como já visto anteriormente se for uma inflamação aguda, ela é rapidamente debelada, a maioria das vezes o corpo por si só resolve o problema e restabelece o equilíbrio.



O problema surge é quando a inflamação evolui para a sua forma crónica, aqui é necessário dar uma ajuda.  Inicialmente passa por detetar o que está a causar o mal-estar e para isso é muito importante a ajuda de um profissional de saúde, que vai pedir uma série de exames para se diagnosticar sem sombra de dúvida o que esta a agredir o corpo, durante este período já se pode fazer algo, através de medicamentos ou suplementos, principalmente para reduzir a dor (se houver), o inchaço e outros sintomas. 

Numa abordagem natural podem ser propostos suplementos á base de plantas:

Unha-de-gato - Inflamações osteoarticulares, intestinos e varizes.

Psílio – inflamações do aparelho gastrointestinal.

Pau-de-arco – Utilização geral, mas muito bom nas inflamações das mucosas e pele.

Hamamelis - Inflamações cutâneas e mucosas.

Arnica – Inflamações orofaríngeas, para a dor e hematomas.

Onagra – Infeções geniturinárias

Palmito – Muto eficiente na inflamação prostática.

Salgueiro – De utilização geral.

Camomila – Fantástico no trato digestivo.

Curcuma – De utilização geral.

Não me querendo alongar na lista de plantas, pois são inúmeras e com propriedades que podem ser direcionadas ao órgão ou sistema afetado é importante referir que as plantas têm efeitos benéficos, mas também contraindicações, que podem ser muito graves, daí ser sempre importante consultar um profissional antes de iniciar a toma de qualquer suplemento, mesmo que natural 

 Outras das abordagens para ajudar o corpo a encontrar o equilíbrio é sempre procurar afastarmo-nos de ambientes que possam estar poluídos, fazer exercício físico adaptado às características da pessoa (adequado à idade, mobilidade, dor, função do órgão ou sistema, etc.), alterações alimentares e nutricionais, em que posso destacar a eliminação ou redução de alimentos pro-inflamatórios (que provocam inflamação), exemplo: Açucares brancos refinados, gorduras saturadas, farinhas brancas processadas, lacticínios, sal e o álcool. 

Aumentar o consumo de frutos e vegetais ricos em enzimas, reduzir o consumo de carne vermelha, porco e vaca, comer frutos secos e grãos, eliminar o consumo de bolos, bolachas e biscoitos industriais, carnes processadas e industrializadas, como os enchidos, refrigerantes, comida pré-cozinhada, alimentos com aditivos, corantes, conservantes.

Em resumo, existem 2 tipos de inflamação, a aguda que inevitavelmente ao longo da vida vamos ser confrontados várias vezes com ela, mas que com alguma facilidade a debelamos.

O grande desafio com que nos deparamos é não permitirmos a instalação da inflamação crónica que é muitas vezes silenciosa, mas muito perigosa podendo provocar danos irreparáveis. Para isso temos que adotar hábitos de vida saudáveis e fazer a devida prevenção através do controlo e monitorização do nosso estado e, se necessário, o uso da suplementação com o devido acompanhamento de um profissional.

Opte por um modo de vida mais saudável, crie energia e vitalidade no seu corpo, ele vai agradecer, com longevidade e qualidade de vida!   

Paulo Fernandes    






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